A vida na Ilha dos Loronha’s começava a ser traçada a partir das relações mercantis que se faziam presentes no mundo moderno. Não era a toa que por muitas e muitas vezes se lançaram ao mar homens com destinos a mundos desconhecidos, mas com um único objetivo: a busca por ouro, prata e pedras preciosas. Esses objetos cobiçados eram determinantes aos cofres das nações européias, detentoras do capital naquela época. E essa imagem não fugia do cotidiano de Fernão de Loronha, que para garantir comércio no mundo novo conquistado, no caso a Terra de Santa Cruz, adquiria como barganha de um tratado comercial a posse de uma terra sem ligação cultural ou de herança com ele. Há quem diga, inclusive, que Loronha nunca aportara pelos mares de cá.
O historiador Hélio Vianna em sua obra intitulada História do Brasil nos traz a informação que
Verificada, na primeira exploração de 1501/1502, a existência, na nova terra, de pau-brasil, útil à indústria de tintas, resolveu-se em Portugal o arrendamento de sua extração a mercadores de Lisboa, que também se comprometeram a explorar... um dos arrematantes do contrato, o rico cristão-novo Fernão de Loronha, preparou a frota que sob seu comando, ou de outrem, por sua conta, ou com a associação de outros mercadores, veio ao Brasil em 1503... o que positivamente sabemos é que em conseqüência dessa viagem, a 16 de janeiro de 1504 doou D. Manuel I a Fernão de Loronha a ilha de São João... foi essa aliás a primeira capitania hereditária do Brasil, que logo tomou o nome de seu donatário.
Rico empreendedor, comerciante e armador, natural das Astúrias, Loronha era representante do banqueiro Jakob Fugger na Península Ibérica. E juntamente com outros cristãos-novos, comerciantes portugueses, obteve concessão para explorar os recursos naturais do Brasil durante três anos. O consórcio financiou a expedição de Gonçalo Coelho nesse mesmo ano.
Em 1506, Loronha e os sócios extraíram das novas terras mais de 20 mil quintais de pau-brasil, vendidos em Lisboa com um lucro de 400% a 500%. Em 1511, associado a Bartolomeu Marchioni, Benedito Morelli e Francisco Martins, participou da armação da nau Bretoa, que a 22 de julho retornou a Portugal com uma carga de 5 mil toras de pau-brasil, animais exóticos e 40 escravos, mulheres em sua maioria.
O fato é que o conjunto de ilhas constituía o primeiro ponto, ou experiência, econômica em forma de capitania no novo mundo. E esse feito acontecia muito antes da efetiva organização hereditária na colônia luso-americana, que aconteceria entre os anos de 1534 e 1536. A ilha permaneceu em posse dos Loronha até 1700, quando D. Pedro I, em carta régia de 24 de janeiro, determinou a sua anexação a capitania de Pernambuco.
Fidalgo português de descendência britânica, Fernão de Loronha converteu-se ao cristianismo provavelmente para escapar da inquisição e também garantir a sua presença no dito comércio. Liderou o consórcio de exploração do pau Brasil nas novas terras portuguesas mediante tributos à coroa, enviando seis navios por ano para tal fim.
Os registros até então encontrados a respeito dessa família cujo brasão foi conseguido pelos muitos serviços prestados ao El Rei D. Manoel, revelam a falta de interesse em povoar, explorar, tampouco desenvolver alguma atividade. Muito mais interessados pela política que os envolvia em Portugal, a Ilha que em 1737 começava a ser reconhecidamente chamada pelo nome de seu proprietário, ficou a mercê de outros povos e nações.
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